quinta-feira, 15 de julho de 2010

O texto não é meu, mas tô arquivando ;)
Você recebe para deixar o cliente feliz (igualzinho às prostitutas); seu trabalho sempre vai além do expediente (igualzinho às prostitutas); você acaba fazendo coisas que alguns acham genial, mas você acha idiota (igualzinho às prostitutas); você é mais produtivo à noite (igualzinho às prostitutas); você é recompensado por realizar as idéias mais absurdas do cliente (igualzinho às prostitutas); você é recompensado por sugerir as idéias mais malucas aos seus clientes (igualzinho às prostitutas); seus amigos se distanciam e você só anda com outros iguais a você (igualzinho às prostitutas); quando você trabalha, pode estar de qualquer jeito.
Quando vai ao encontro do cliente, você tem de estar sempre apresentável (igualzinho às prostitutas). Mas, quando você volta, parece saído do inferno (igualzinho às prostitutas); o cliente quer sempre pagar pouco, mas exige que você faça maravilhas (igualzinho às prostitutas); quando te perguntam no que você trabalha, tem dificuldade para explicar (igualzinho às prostitutas); ninguém quer ter uma filha casada com você. Mas se você vira celebridade, todo mundo quer tirar foto ao seu lado, te convidam pra festas (igualzinho às prostitutas); se as coisas dão errado, é sempre culpa sua (igualzinho às prostitutas); você sempre acaba fazendo mais do que o combinado inicialmente (igualzinho às prostitutas).
Finalmente, todo dia você diz: Não vou passar o resto da vida fazendo isso! (igualzinho às prostitutas). Acho que esse meu lado "prostituta" fala mais alto, porque a verdade é que eu não quero parar de fazer isso.Sou apaixonado por aquilo que faço, até por alguns clientes como, aliás, a grande maioria dos produtores de som.
Nossa área é altamente competitiva por que, mais do que bons profissionais, ela é recheada de profissionais "apaixonados". E, diferentemente das prostitutas, a gente, sendo remunerado ou não, acaba fazendo o trabalho com o mesmo tesão.Nós, diferentemente das prostitutas, temos que agradar a vários (cliente, agência, diretor do filme) ao mesmo tempo, mas só recebemos de um. Prestamos o serviço na hora, mas recebemos muito tempo depois. Quando recebemos.
Mas, igualzinho às prostitutas, a gente não tem lá muita vergonha na cara e fica inventando um monte de desculpas para explicar por que a gente está "nessa". A verdade é: a gente adora essa vida. Porque música é paixão, é droga, é vício. E dá um prazer danado...
Thomas Roth, no jornal Propaganda & Marketing.

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