Ssssshhhh....
Longe,longe, loNGE,longe,loNGE.
Toc toc toc, triiiiimm....trrrrrrriiiimm.
Pá. tzum.inhec.
Carro-buzina-passos-fffuuuu
Vento.
Algo cai. Toc,toc, toc.
"Oi" "EEEIII!!!" - Barulho.
Orquestra da rua.
Poluição....??
Som contemporâneo.
O homem caminha.
Um cruzamento de avenidas, ônibus passam. É meio-dia, crianças e adolescentes saem do colégio.
O homem é alto, suave e fala baixinho.
Ele senta no banco da praça, fecha os olhos e pára, pára tudo só para ouvir.
Barulho. Ruídos. Uma grande orquestra desritmada.
Fica ali. Os ônibus não passam mais, não há pessoas andando pelas ruas. O engarrafamento acabou.
Silêncio.
. . .
Uma batida. Alguém vem andando. Tem ritmo.
Toc. . . . .
Repete, sempre no mesmo intervalo.
Passa um carro.
Toc. . . . .
vr. vr. vr. vr.
E um e doi s e três e quatro.
O silêncio também faz parte da melodia...
som.silêncio.som.silêncio.
pára.
escuta.
Assim é o pianista.
Entrou no palco, barulho. Aplausos.
Cessaram. Crec - o banco. Tic - sentou-se.
Respirou. Olhares, expectativa.
Pôs uma fermata no silêncio.
Grave. Ornamentos,descompasso. Dissonância.
Jazz. Esquerda-direita-esquerda-direita subindo.
Parou.
A linda cantora entrou. Fez soar um sol antes das mãos do homem voltarem a tocar as teclas do piano de cauda.
Sorrisos. Olhares. O pianista estava de costas, mas podia ouvir o som do encanto.
