domingo, 24 de maio de 2009

"Olha só pra aquilo ali!Ninguém toma uma providência?"

Algo me irrita profundamente: fuga de responsabilidades.
Vivo num contexto em que ouço freqüentemente pessoas dizerem que não gostam de política, mas reclamam porque tal governante não cumpriu suas promessas. Criticam o fato de haver tanta gente na miséria, mas julgam que isso é de responsabilidade única e exclusiva dos políticos. Vêem que todo dia se fala do medo de a água acabar, mas isso fica só no verbo - o gasto não diminui, ficam horrorizadas com o noticiário, mas esquecem o que viram em cinco minutos. Aliás, às vezes lembram por mais tempo - o que corresponde às matérias de impacto, de opinião, onde o indivíduo se enche todo para dizer seu ponto de vista à família, ao vizinho, cabelereiro, colega de trabalho, cachorro. Se for homem pai de família, então, se sente na tarefa de conduzir a posição da família inteira.
É de primeira importância discutir se mulheres são mais invejosas que homens, e daí cada um conta sua experiência pessoal, quer saber do assunto cientificamente, vai até na internet pra participar de enquete! Melhor banda de garagem, palhaço que faz mais coisas em trinta segundos, o famoso se saiu bem?Fulano de tal é bom ou mau ator? Todo mundo 'dando pitaco' sem realmente nunca ter feito teatro ou dirigido uma peça para saber a real situação. Agora senta pra falar sobre as idéias de cada um para mudar algo de verdade pra ver se alguém se habilita... na verdade as pessoas gostam do tempo subjuntivo. SE fizessem, SE fosse eu...
No meio das omissões fui desperta anteontem quando vi três homens numa esquina vazia, à noite, colocando um pedaço grande de árvore num buraco do asfalto da pequena rua. Um deles era mais velho, aparetou 50 anos; havia dois jovens, ambos com cabos de vassoura fazendo o serviço. O galho eles devem ter tirado do terreno próximo, e sorri sozinha de satisfação: são os caras que FAZEM, não esperam.
Uma vez vi um garoto escorregar do meu lado e fui ajudá-lo. Meu pai brigou comigo, achou que ele tinha que se virar sozinho. Eu ficaria feliz se caísse e alguém me ajudasse.
Eu ainda acredito na mobilidade das coisas, e quero fazer, não assistir.